Há meses, desde o fim das eleições municipais, tanto o governador Jorginho Mello (PL) quanto o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), vêm colocando em prática planos e articulações para 2026. Jorginho, que buscará a reeleição, intensificou contatos para ampliar a participação de aliados na administração estadual, como o MDB — movimento já criticado por filiados do PL. O objetivo é evitar o cenário de 2022, quando concorreu com uma chapa pura, contando apenas com o respaldo político do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Tanto o governador quanto o prefeito enfrentam desafios internos e externos dentro de seus partidos e precisam de alianças estratégicas para garantir mais tempo de rádio e TV, além de ampliar sua base de apoio.
Na conta de Jorginho, a futura coligação deve incluir PP — que já ocupa uma secretaria no governo —, Republicanos — hoje um satélite do PL em Santa Catarina — e, possivelmente, o Podemos. Além disso, a aliança pode ganhar o reforço do PRD (resultado da fusão entre PTB e Patriota) e de pequenas siglas, com o MDB como trunfo principal. O futuro político de Bolsonaro, atualmente inelegível até 2030, também entra nas projeções. Jorginho aposta que o ex-presidente ainda terá influência no estado, seja diretamente ou por meio de um nome indicado, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF) ou outra liderança emergente da direita.
João Rodrigues fortalece o viés de direita
Tão logo confirmou a reeleição, o prefeito João Rodrigues pôs o bloco na rua e fez valer a força de quem governa a maior cidade do Oeste pela quarta vez, aliado ao histórico de ter sido prefeito e vice em Pinhalzinho, deputado estadual e federal. Amigo de Bolsonaro, João pretende dividir atenções dos conservadores, mas adianta que não irá depender unicamente de sua proximidade com o ex-presidente para respaldar um projeto que, não ao acaso, faz alusão a mais líderes de direita, a começar pelo governador Ratinho Júnior (PSD, do Paraná), presente no evento que lançou a pré-candidatura ruidosamente, no sábado (22), em um pavilhão da Efapi lotado, em Chapecó.
João, que não quer contar prefeitos, mas sabe que precisa de partidos aliados, estampou em um telão, durante o evento com os rostos de presidenciáveis, os governadores Ronaldo Caiado (União Brasil, Goiás), Romeu Zema (Novo, Minas Gerais), Tarcísio e Ratinho Júnior, todos com a figura central de Bolsonaro, uma forma de abrir as portas ao diálogo e atrair a atenção dos eleitores. Dentro de casa, o projeto de João enfrenta resistências pesadas, como a do prefeito Topázio Neto, de Florianópolis, aguerrido defensor de um apoio a Jorginho.
Novo é alvo de dupla atenção
A dupla Jorginho e João está de olho no Novo, que tem o prefeito de Joinville Adriano Silva como um dos maiores expoentes da sigla no país. A dúvida sobre o futuro de Adriano, hoje naturalmente pressionado pela cúpula do partido a concorrer ao governo, interessa ao PL e ao PSD.
Por gratidão, o Novo deveria dar uma resposta aos pessedistas, que estiveram nas campanhas de Joinville e Blumenau, onde asseguraram tempo de rádio e TV à legenda, que não alcançou os sete deputados federais, em 2022, e foi pega pela cláusula de desempenho. Na Capital, o Novo esteve com Topázio Neto (PSD) à reeleição.
Tucanos e PP geram expectativa
No meio deste caminho, estagnou a promissora fusão, federação ou incorporação que envolve PSD, PSDB e Cidadania, que, se sair, terá reflexos em Santa Catarina. Os tucanos perderam muito espaço e filiados para os pessedistas nos últimos anos e tentam sobreviver.
Já a negociação entre PP e União Brasil, que desenham uma federação nacional – que obriga os partidos a estarem juntos durante quatros anos – surge como um capítulo provável de redivisão de forças no Estado. O Progressistas entrou nos planos de João Rodrigues, que recebeu o abraço do deputado estadual Altair Silva, líder da bancada na Assembleia, no sábado (22), e deixa um ponto de interrogação no ar.
Assista às críticas de Ana Campagnolo ao MDB:
Os desafios da esquerda são maiores
Falta uma manifestação clara da esquerda pela mudança de discurso e de estratégia em 2026. O PT quer redefinir seu comando em Santa Catarina, enquanto líderes como o segundo vice-presidente da Assembleia, Padre Pedro Baldissera, defendem uma nova candidatura de Décio Lima ao governo, na expectativa de repetir a performance de 2022, quando o ex-prefeito de Blumenau ex-deputado federal, hoje presidente do Sebrae, chegou ao segundo turno. Nem a proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiste em trunfo.
O movimento é pequeno, portanto, pois a federação PSOL e Rede, além de PCdoB e PV, unidos ao PT, mais PSB e PDT, só para visualizar os mais fortes, precisam de garantias de espaços efetivos e generosos no desenho da majoritária. Está evidente que, se mantida a atual configuração, em uma Santa Catarina conservadora, a chance do campo crescer sem o acréscimo de siglas de centro na composição, é, no mínimo, nebulosa e sem vigor.
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Fonte: https://scc10.com.br/colunistas/roberto-azevedo/as-aliancas-que-sao-determinantes-mas-nao-decisivas/